De Portimão mantém o gosto pelas receitas locais e o sotaque, que se acentua com a boa disposição. Trabalhar no restaurante dos pais ampliou o talento inato para a culinária, que desenvolveu no curso da Escola de Hotelaria de Lisboa, e desde dezembro de 2012 é a chef residente da Cozinha Popular da Mouraria, projeto associativo dinamizado por Adriana Freire, fotógrafa há muito residente nas proximidades.

É neste bairro, que conhece agora melhor, e onde é cada vez mais conhecida pelos habitantes, que prepara diariamente os almoços da Cozinha, ensinando, a quem o desejar, como se preparam as refeições. Aqui experimentam-se soluções para momentos de crise ao redor de uma grande mesa, fazendo de desconhecidos novos companheiros de refeição.

A filosofia do espaço e a sua simpatia são propícios à partilha e conversa, e não é de estranhar que haja sempre ajuda para lavar a loiça ou descascar batatas. Os sábados são reservados aos workshops de culinária com as crianças do bairro: a cozinha torna-se pequena para tantos braços a preparar pizzas ou o famoso bolo de chocolate da casa.

Rita gosta de trabalhar numa cozinha comunitária. É aqui que conversa com quem entra neste espaço, e se abeira dos fogões para buscar o seu prato de comida. A partilha de receitas e truques tornou-se habitual, à medida que a Mouraria se tornou familiar, as suas ruas, vizinhos, sons e sabores.

As refeições mais comuns baseiam-se no seu gosto pela cozinha portuguesa e, se vier alguém que conheça os pratos algarvios, tanto melhor. Mas quem entra na Cozinha pode ter a surpresa de provar as chamuças, cuja descoberta da receita tem a sua própria história, ou uns pastéis de peixe tailandeses que, segundo Rita, necessitam de aparecer novamente na ementa, para aperfeiçoar a receita.

No bairro onde mora, vizinho da Mouraria, escolhe e encomenda os vegetais frescos na mercearia do costume, de uma família chinesa. Para algum ingrediente mais específico desce ao Martim Moniz. E é neste cruzamento de sabores e modos de cozinhar que a Rita faz da comida a sua vida quotidiana, e, através disso, faz com que os seus pratos façam parte da vida de todos os que, por muitos motivos, entram na Cozinha Popular da Mouraria.